Rio de
Janeiro - A compra da Amil pela americana UnitedHealth, por quase R$ 10
bilhões, anunciada na semana passada, coroou um ano recorde em aquisições de
empresas brasileiras por grupos estrangeiros ou fundos de private equity também
internacionais. Segundo levantamento da PwC, empresa de auditoria e
consultoria, o número de aquisições de participação majoritária ou minoritária
em empresas nacionais por estrangeiros dobrou desde 2006, passando de 106 para
209, até agosto.
Este ano,
alguns nomes muito conhecidos do público brasileiros foram vendidos para
empresas ou fundos de private equity estrangeiros: a fabricante de cachaça
Ypióca, a rede de churrascarias Fogo de Chão, a rede de lojas de móveis
Tok&Stok, a empresa de alimentos Yoki e a rede de lojas de brinquedos
PBKids, entre outros.
Consumo
O que
caracteriza essa onda de compras por estrangeiros é que ela está muito voltada
para o segmento de bens de consumo, o comércio e os serviços, que são a parcela
da economia brasileira mais aquecida. "Os investimentos estão indo onde há
crescimento", diz Patrice Etlin, sócio para a América Latina da Advent International,
empresa global de private equity com sede nos Estados Unidos.
Para
Alexandre Pierantoni, sócio da PwC, responsável por fusões e aquisições no
Brasil, "esse movimento de aquisições está associado ao consumo da nova
classe média". "O Brasil tem um mercado demandante, com carência
estrutural de serviços, principalmente aqueles oferecidos pelo governo, como
educação e saúde", afirma. Ele aponta alguns dos principais segmentos de
interesse dos estrangeiros: indústrias de alimentos, de bebidas, cosméticos,
higiene e limpeza e serviços de saúde e educação.
O setor de
infraestrutura também é visto pelos especialistas como alvo preferencial do
capital internacional. Mas incertezas e constantes mudanças regulatórias estão
travando algumas operações. "Há uma preocupação dos investidores com a
incerteza sobre a mudança de regras e o grau de intervenção do governo nas
concessões", diz Etlin. Já a área de bens de consumo, na qual a
interferência do governo é menor, está mais desimpedida.
Tendência
Para Luiz
Aubert, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), "a venda de empresas brasileiras para estrangeiros faz parte de
uma tendência crescente de desnacionalização da economia brasileira". Ele
acha que, nesse processo, há perda em termos de tecnologia para o País.
Fonte: Jornal O Estadão
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